sábado, 27 de agosto de 2011

Municípios começam a adotar projetos de sacolas retornáveis

Conselho da Mulher Empresária de Salto do Lontra no lançamento do Ecosciente.
O Conselho da Mulher Empresária e Executiva de Salto do Lontra e o Departamento de Indústria, Comércio e Turismo de Coronel Vivida lançaram recentemente campanhas de conscientização para o uso de sacolas retornáveis em substituição às tradicionais sacolinhas plásticas. Agora, entre os 15 municípios de maior população do Sudoeste, 9 apresentam algum tipo de campanha ou projeto de restrição ao uso de sacolas plásticas.
Na terça-feira, 16, em Salto do Lontra, foi lançado o Projeto Ecosciente com o tema "Carregue Essa Ideia". O projeto iniciou em julho e consiste em substituir as sacolas plásticas pelas retornáveis a fim de amenizar os impactos que este tipo de material causa ao meio ambiente.
A proposta é fazer um levantamento do número de sacolas consumidas na cidade e pleitear a aprovação de um projeto de lei. A divulgação da campanha inicia dia 10 de outubro e inclui ainda abordagens de consumidores em supermercados para conscientização do uso das sacolas retornáveis.
Em Coronel Vivida, o Departamento de Indústria, Comércio e Turismo aproveitou a Festa de São Roque, dia 16 de agosto, para lançar a campanha que visa orientar a população para o uso das sacolas recicláveis, feitas em tecido e que podem ser adquiridas na Acivi. De acordo com o diretor do departamento, Noemir José Antoniolli, a campanha primeiramente seria destinada aos supermercados, "entretanto, por consenso dos empresários, acabou estendida aos demais ramos do comércio".
O diretor ainda acredita não ser necessária a sanção de uma lei que determine a ação de consumidores e empresários, "pois todos os empresários que participaram das reuniões aderiram à campanha e tenho certeza de que será um sucesso. Basta, apenas, a conscientização geral e que cada um faça a sua parte".

Cada município uma realidade
Com Salto do Lontra e Coronel Vivida, agora são 9 municípios, entre os 15 com maior número de habitantes no Sudoeste, que apresentam algum programa de conscientização junto à população e aos empresários. Alguns já possuem legislação sobre o assunto, de acordo com a realidade local.
Na região, Dois Vizinhos foi um dos primeiros a debater o assunto, ainda em agosto de 2010. "Vínhamos discutindo desde o ano passado e, em abril deste ano, iniciamos a campanha nas ruas, escolas e meios de comunicação, vendemos sacolas retornáveis a preço de custo. Houve muita reclamação no começo, mas agora a população e o comércio estão aderindo. Uma pesquisa revelou que 86% dos habitantes concordam com o projeto. Por esse motivo decidimos esperar e não colocar em votação a lei municipal sobre o tema", disse Anete Peretti, do Conselho da Mulher Empresária da Acedv.
Ao contrário dos duovizinhenses, em Marmeleiro e Clevelândia os mercados e mercearias são obrigados por lei a não fornecer sacolas plásticas - em Clevelândia, a lei entrará em vigor a partir de 26 de setembro. "Na campanha, distribuímos 5 mil sacolas retornáveis, uma para cada residência. Distribuímos panfletos, adesivos, colocamos anúncios em carro de som e o comércio teve dois meses para se adequar à regulamentação. Com isso queremos deixar de gastar 720 mil sacolinhas por ano, 60 mil por mês", explicou Marilete Chiarelotto, coordenadora do projeto de educação ambiental em Marmeleiro.
Os empresários tiveram dois meses para se adequar a nova determinação. O começo foi difícil, mas hoje se comemora a economia. "O início foi difícil, principalmente para as pessoas de fora da cidade, que não sabem da legislação e a gente precisa explicar a nova determinação. Mas o marmeleirense já está pegando o hábito de trazer sua sacola, alguns estão comprando caixas de supermercado ou trazendo caixa de papelão no carro. Por fim, tem a economia significativa de uns R$ 2 mil por mês que eram gastos com sacolas", relatou o comerciante Alexandre Dall Acqua.
Entre a lei e a orientação, Chopinzinho preferiu a segunda opção. "Fizemos um projeto envolvendo mercados, a associação comercial e moradores. Também fomos às escolas orientar os estudantes. Consumíamos 600 mil sacolas por mês, mas, com a participação de mais da metade dos mercados, já reduzimos esse número drasticamente", afirmou Luiz Pasquali, secretário de Agricultura e Meio Ambiente. A partir do dia 1º de setembro, os supermercados e mercearias de Realeza vão parar de distribuir sacolas plásticas. Estima-se que 450 mil unidades por mês são entregues aos consumidores. Na cidade de Ampere, segundo Luchele Sartoli, responsável pelo setor de Meio Ambiente, há "apenas conversas iniciais, porém nada de concreto". Mesma situação de Capanema, onde sacolas retornáveis foram distribuídas por supermercados e na Feira do Melado, contudo, atualmente, nenhum projeto encontra-se em andamento.

Saída está na mudança de cultura das pessoas
As sacolas distribuídas em supermercados e demais estabelecimentos comerciais demoram, dependendo das condições do ambiente, cerca de 200 anos para se desintegrar completamente, trazendo impactos significativos à natureza.
 No Brasil, 9,7% de todo o lixo é composto por esse tipo de material. Estima-se que cada pessoa consome 66 sacolinhas por mês. O problema, segundo o geógrafo e engenheiro ambiental Tiago Augusto Faust Zen, está justamente no excesso. "As sacolas plásticas, além de poluir ruas e entupir bueiros, contribuindo nas enchentes, elevam em até 15% o volume dos aterros sanitários onde se deposita o lixo doméstico armazenado nesse tipo de recipiente. No litoral, elas tomam conta de áreas costeiras e alteram a biodiversidade, pois os peixes acabam confundido-as com alimento e morrem intoxicados ou asfixiados", explicou.
Conforme o engenheiro, a fabricação de uma tonelada de plástico em geral gasta 1.140 KW/hora de energia, o suficiente para manter 7.600 casas iluminadas por lâmpadas econômicas por uma hora. "Esse  dado refere-se a todo tipo de plástico, mas as sacolas são grandes contribuintes desse montante. Além disso, a queima desse material libera gases que contribuem para o aquecimento global."
Umas das soluções propostas seria a distribuição de sacolas biodegradáveis. No entanto, estas são "bem mais caras". O jeito, então, é apelar para a consciência dos cidadãos. "Na Europa não se distribui sacolas, elas são colocadas à venda e por um preço alto. A saída mesmo é a mudança de cultura da população para a utilização de sacos grandes, em que se deposite maior quantidade de lixo, e das sacolas retornáveis de pano ou lona reaproveitada."

Dificuldades de fiscalização e conciliação nas cidades maiores
Dos três municípios de maior população, somente em Palmas ainda não há qualquer projeto na área. "Não temos nada concreto, apenas alguns estudos de casos de outros municípios", admitiu Jean Felipe Cesca, chefe da Divisão de Meio Ambiente.
Em Francisco Beltrão e Pato Branco, as administrações municipais buscam parceria com os representantes dos supermercados. "A Fecomércio e o Sindicom (Sindicato do Comércio Varejista de Francisco Beltrão) estão iniciando uma campanha para reduzir o consumo de sacolas plásticas. Apoiamos essa iniciativa, mas não levaremos o tema à proibição, pois teríamos dificuldade na fiscalização devido ao grande número de estabelecimentos no município. Isso deve acontecer gradativamente e com a preocupação de mudar a cultura do consumidor", frisou Cléber Fontana, secretário de Meio Ambiente.
No município, um projeto que está tentando, aos poucos, influenciar a prática do uso das sacolas retornáveis é o realizado pelos voluntários do Projeto Ecocema, do Colégio Estadual Mário de Andrade. No terceiro ano em atividade, o número de sacolas distribuídas já passa de 3 mil. Sob a coordenação das professoras Marli de Conto e Rosana Cristina Grisa, em cada campanha aderida pelo projeto são cerca de 100 pessoas, entre alunos, professores, funcionários e integrantes da comunidade escolar, selecionando, cortando e costurando nas cinco máquinas disponíveis no colégio.
A consciência da população, no entanto, não vem satisfazendo. "Fizemos uma campanha em um mercado da cidade e notamos que o pessoal ainda não está substituindo as sacolinhas", reclama Marli. Nada, porém, que desmotive o Projeto Ecocema. "Neste segundo semestre, produziremos de 1.500 a 2 mil sacolas de tecido, com material que nos foi doado. Será mais uma grande campanha", informou a professora.
Em Pato Branco, "ainda não há consenso entre supermercados e a população tem opiniões divididas" sobre o tema, diz Eliane Terres Portela, coordenadora do projeto "Minha Atitude Faz a Diferença", da Acepb (associação empresarial). "Conversamos com a Apras (Associação Paranaense de Supermercados) para que as sacolas fossem retiradas dos estabelecimentos ou cobradas do consumidor, mas ainda não houve consenso. Aos poucos vamos dialogando e chegando mais perto de uma solução", declarou a coordenadora.
Fonte do rss
tosabendo.com

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