segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PENSATA: cinema de mulher e a mostra “Feminino Plural”, do Festival de Curtas de SP

Por Camila Moraes
lalatina
“Feminino Plural”, o curta que deu nome à mostra. Realizado pela carioca Vera Figueiredo em 1976.
“Feminino Plural”, o curta que deu nome à mostra. Realizado pela carioca Vera Figueiredo em 1976.
Bastante anda se falando, por dizê-lo de alguma maneira, sobre um cinema feminino ou, simplesmente, sobre mulheres detrás das câmeras. Assim, em tom de novidade, de movimento em ascensão. Em si, este provavelmente não é um tema relevante, se trata-se somente de elevar a “categoria feminina” (uma falência de conceito) a certa emancipação dentro deste metiê, pelo menos na minha opinião. O que seria um cinema feminino? De que importa esse esforço de definição?
Mas talvez seja relevante pensar nos olhares, nas histórias e nos resultados impressos nos filmes, simplesmente porque esse é um dado de conteúdo; um tema de relevância cultural. Não de forma. Jamais de categoria (outra vez, digo eu).
Começou ontem, em várias salas da cidade, a 22a edição do Festival Internacional de Curtas de São Paulo, cuja programação vai até o dia 2 setembro, com entradas gratuitas para uma vasta lista de filmes de vários países. Uma das mostras mais divulgadas na imprensa é a “Feminino plural”. De fato, ela é interessante pelo discurso plural que procura abarcar: são propostas discussões, reveladas inquietações, expostos temas e olhares relevantes para qualquer cinema (e seu respectivo público).
Pois bem. Dela fazem parte filmes de realizadoras brasileiras, de “diretoras de outros cantos”, trabalhos que expõem visões políticas e outros que integram a submostra “Fale sem medo” – resultado de um concurso promovido pelo Festival de Guanajuato “Expresión em Corto”, do México, com o objetivo de atrair a atenção do público para o problema da violência doméstica. Entre as diretoras estrangeiras, estão duas latinas: a chilena Dominga Sotomayor, com “Debajo”, e a mexicana Elisa Miller, com “Roma”.
Ambas já tiveram esses curtas selecionados em seções anteriores do festival. Em grandes traços, o primeiro aborda as relações familiares, e o segundo aparentemente toca questões macro, como imigração e trabalho (porém, afunilando-as para o pessoal, na medida em que a protagonista encontra em uma fábrica alívio, ajuda para os seus problemas).
Talvez resida aí a particularidade de um cinema feito por mulheres: há valor ao detalhe, à mente que não se desgruda de uma ideia de coração.
Fica, enfim, mais uma dica para quem quiser acompanhar o Festival, que por sinal está ótimo, especialmente pela mostra latina ;)

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