domingo, 28 de agosto de 2011

Macau à procura de estilo

by pontofinalmacau
Modelos e designers vão juntar-se no Albergue SCM para dois dias dedicados à arte de bem vestir. Carlos Marreiros acredita que tanto a moda, como outro tipo de iniciativas culturais podem beneficiar de um espaço na Ilha da Montanha.
Paris, Milão, Nova Iorque. Quando se fala em moda, são estas as cidades que rapidamente vêm à conversa. Mas Macau, com os seus cerca de 30 km2, quer afirmar-se como um lugar com estilo. O tamanho, como se sabe, pouco importa, e de um lugar pequeno podem sair grandes obras – principalmente se estas puderem chegar a toda a região do Delta do Rio das Pérolas, como pretende o director do Albergue SCM, através de uma presença na Ilha da Montanha.
Para trazer os talentos da RAEM à passerelle, o espaço em São Lázaro acolhe, a 25 e 26 de Novembro, o Macau Fashion Link (MFL), evento apresentado ontem no Albergue. A ideia é encorajar a indústria local, quer do ponto de vista das modelos, quer dos designers.
O MFL está dividido em duas actividades: o Macau Cover Girl, um concurso para jovens modelos locais, e o L-Show, um desfile de moda que junta estilistas de cá a profissionais de países lusófonos, incluindo Brasil, Angola e Portugal.
Carlos Marreiros, director do Albergue e organizador do evento, acredita que Macau não deve perder a oportunidade de expandir os seus projectos culturais, aproveitando a criação do Parque Industrial Criativo da Ilha da Montanha. “É preciso uma indústria criativa, se não os designers vão fazer as suas roupas muito bonitas só para si próprios”, disse Marreiros, relembrando a importância de se estabelecer parcerias. “Macau é muito pequeno mas se os nossos designers se mostrarem na região do Delta do Rio das Pérolas, é logo um mercado de 70 milhões que se abre. Por isso queremos pôr o nosso pé na Ilha da Montanha.”
L de Lusofonia
O L-Show (L de Lusofonia), a decorrer no dia 26 de Novembro, vai juntar seis designers de moda do mundo lusófono e da RAEM. A ideia é trazer “sangue novo” e “representar a diversidade da lusofonia”, explicou Manuel Correia da Silva, director da Lines Lab e responsável por procurar os designers internacionais e de Macau. “Porque temos todos a mesma língua mas na verdade somos todos muito diferentes. Temos aqui a oportunidade de experienciar uma lusofonia diferente que não é tão explorada, sendo este o sítio ideal para isso.”
A nível de estilistas internacionais, o MFL vai receber Cynthia Hayashi (do Brasil), Dino Alves (de Portugal) e Nadir Tati (de Angola). Macau será representado por San Lee e Bárbara Diaz, uma jovem designer que é o exemplo perfeito do cruzamento de culturas lusófonas.
Metade portuguesa, metade brasileira, Bárbara Diaz cresceu em Macau, onde vive há 20 anos. Estudou moda em Hong Kong, viajou para Florença e Banguecoque, onde aprofundou a formação e trabalhou como modelo. Passou ainda por Londres, onde fez cursos especializados, e trabalhou com revistas de moda e com a London Fashion Week.
De regresso a Macau, a jovem estilista, que planeia o seu primeiro desfile para este ano, recebeu o convite para participar no MFL. “Tenho tido as dificuldades normais de um designer que está a começar, principalmente em Macau. Já participei nalguns desfiles pequeninos, mas este parece ter uma dimensão maior e estou super contente.”
Bárbara Diaz já tinha dado nas vistas por estes lados, depois de ter ganho um concurso para desenhar os novos uniformes da Air Macau. Tudo indica que as hospedeiras vão passar a usá-los a partir de Novembro, um mês que será, assim, de significado acrescido para a designer.
Apesar de já ter corrido o mundo, é aqui que Bárbara Diaz se quer estabelecer e espera conseguir lançar a sua linha de roupa “Diaz by Nature”, uma criação que reflecte a diversidade das suas raízes. “É uma mistura de mim e tem um bocadinho de tudo: a sensualidade do corpo da mulher, que vem do Brasil e que gosto de mostrar sem ser de mais, como aprendi em Itália; apesar de não estar muito por dentro da moda de Portugal tenho os meus traços portugueses que são assim mais tradicionais; e, claro, influência oriental, porque é aqui que tenho estado, foi aqui que cresci.”
À boleia da Miss Macau
O Macau Cover Girl, o outro evento do MFL, quer dinamizar a indústria local de modelos. “Às vezes Macau pensa muito nos visitantes e esquece-se dos residentes”, apontou Carlos Marreiros, que fez questão de salientar que este concurso para jovens dos 16 aos 25 anos pode ter um grande impacto social e “mexer muito com as famílias de Macau”.
Serão 12 as candidatas ao título de Macau Cover Girl, sendo que a vencedora será capa da revista Macau Closer.
Guiomar Pedruco, directora do evento, explicou que tudo em torno do Macau Cover Girl será da responsabilidade de locais, da organização às concorrentes. Pedruco disse que há na RAEM, entre as raparigas mais jovens, um crescente gosto pelo mundo da moda e que este evento permitirá às interessadas receber formação como modelos. Além disso, adiantou, “é bom ter um evento que envolva famílias e amigos, e consiga tirar os jovens de frente dos computadores”.
A ideia para o concurso surgiu através do Miss Macau, um evento que esteve muitos anos em suspenso, de 1997 a 2008. “Percebi que a maior parte da produção tinha origem em Hong Kong e achei que deveria ser organizado por companhias de Macau. Foi assim que me lembrei de organizar o Cover Girl,” explicou Pedruco.
A responsável espera que assim se abram portas para a indústria da moda: “Espero que, com este evento, isto comece a crescer e Macau venha a ter uma top model, como acontece em Hong Kong”. I.S.G.

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