domingo, 28 de agosto de 2011

Pioneiras da engenharia

São três mulheres, portuguesas, e marcaram a diferença no mundo da engenharia dominado por homens. Mulheres que se afirmaram pela qualidade do seu trabalho e a quem se deve os benefícios que ainda hoje as mulheres portuguesas tiram do impulso destas engenheiras. O Instituto Superior Técnico (IST) já reconheceu a existência de “uma enorme dívida de gratidão” para com estas pioneiras.

Maria Amélia Chaves
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Maria Amélia Chaves, que este ano completa 100 primaveras, é a primeira mulher portuguesa licenciada em Engenharia Civil (1933) e a primeira a estar inscrita na Ordem dos Engenheiros.

A engenheira, que seguiu Civil porque para Química “não tinha jeito”, garante que nunca se sentiu penalizada na profissão por ser mulher. “Dei-me sempre bem com os homens, foram simpaticíssimos”, conta.

Apesar da carreira pouco “habitual” para a sua época, Maria Amélia Chaves sempre conciliou a vida familiar e profissional. “Ela costumava dizer-nos que uma mãe de família deve estar com um pé no hall de entrada, meio dentro, meio fora”, diz João Almeida Fernandes, filho da engenheira.

Além de autora de muitos projectos de urbanização e imobiliário, Maria Amélia Chaves fez parte da Câmara Municipal de Lisboa, da qual foi também a primeira engenheira. A sua última obra foi remodelar o prédio onde vive.

Isabel Maria Gago
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Licenciada em Engenharia Química (1939), Isabel Maria Gago foi – a par de Maria Luísa Pereira dos Santos – a primeira mulher a concluir este curso no IST.

Entrou na instituição lisboeta em 1933, quando iniciou o curso, e nunca mais a abandonou por completo. Em 1984, aposentou-se das funções de professora assistente, mas, durante vários anos, mesmo depois da reforma, continuou a visitar o IST e o “seu” laboratório de Química.

Isabel Maria Gago é descrita como “uma pessoa sempre muito activa e decidida no que fazia. Levantava-se às seis e meia da manhã, todos os dias, para estar sempre a horas no seu local de trabalho. Trabalhou sempre muito, até muito tarde”, diz Conceição Costa, vizinha e amiga “há 37 anos”.

Hoje, com 97 anos, a engenheira química continua “uma pessoa lúcida a cem por cento, amiga dos seus amigos, que liga para as pessoas para saberem como estão”, conta a amiga.

Sílvia Marília Costa
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É engenheira química, tem 69 anos e tornou-se, em 1980, na primeira mulher a chegar a professora catedrática do Técnico.

Sílvia Marília Costa conta que chegar a professora catedrática foi uma “sorte” que “não esperava ter”, dado que “no trabalho nunca senti isso [“obstáculos laterais” à sua condição de mulher], mas no acesso a certos cargos sim”. Porém, todo o sucesso conseguido se deveu a “muito trabalho”, garante.

Apesar do seu invejável currículo – em 1970, doutorou-se na Universidade de Southampton e, dois anos depois, concluiu o pós-doutoramento na Royal Institution, onde trabalhou com o Nobel da Química de 1967, George Porter – e de ser a única pós-doutorada no seu departamento (quando regressou ao IST para dar aulas, depois de todas aquelas formações), Sílvia Marília Costa ainda viu passarem vários anos até que finalmente passasse a professora catedrática.

No Técnico, além de professora, presidiu ao Centro de Química Estrutural, entre 1999 e 2009, contribuindo para o desenvolvimento da fotoquímica molecular. Aí, nesse Centro, também fez o seu caminho sozinha entre homens.
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