domingo, 14 de agosto de 2011

Orgulho e charme cariocas vêm do Engenho da Rainha

Presidente da ONG ‘As Charmosas’, Eliandra Fidélis recebe medalha por sua atuação na comunidade da Zona Norte

POR CLAUDIO VIEIRA
Rio - Ela nasceu no Jacarezinho e cresceu vendo a mãe, Dona Felícia, que trabalhava como empregada doméstica, reaproveitar os vestidos velhos da patroa para fazer as roupas das filhas. Hoje, Eliandra Fidélis, 39 anos, é a 11ª homenageada por O DIA, nos 60 anos do jornal, com a medalha ‘Orgulho do Rio’, por sua atuação no Engenho da Rainha, comunidade da Zona Norte do Rio.

Sua ONG, ‘As Charmosas’, descobriu o lado fashion da região e beneficia 150 pessoas ensinando uma profissão na área da moda. A ‘grife’ viu uma importante porta se abrir ao participar do Fashion Business, evento que concentra grandes nomes da moda brasileira no Rio.

A ONG reúne jovens de todas as idades, mesclando a sabedoria e a experiência de mulheres da terceira idade com a ousadia e a determinação de meninas: muitas sonhavam ser Gisele Bündchen, mas aprenderam a importância de outras profissionais nesse mercado, como costureiras, bordadeiras, estilistas, produtoras de eventos.
Enquanto desvendam os segredos da costura e do artesanato, essas moradoras do Engenho da Rainha e comunidades vizinhas aprendem também que a região é terra de outras mulheres guerreiras que saíram de lá para mostrar o potencial da mulher negra: Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Elza Soares, Isabel Fillardis e Sandra de Sá. As histórias delas animam as aulas de fuxico (flores feitas com retalho).

“Ainda existe violência aqui, mas também pessoas maravilhosas, trabalhadores honrados, cujos exemplos devem ser seguidos. Tenho orgulho dos ensinamentos de minha mãe. Desde cedo, ela nos ensinou a conviver com a realidade. E é isso o que passamos para as jovens da ONG: precisamos ser competentes para conquistar nosso espaço”.

ONG surgiu de eventos sociais


‘As Charmosas’ eram um grupo de mulheres que decoravam ambientes e recebiam convidados em eventos sociais. Roupas, penteados e maquiagem originais levaram a convites para o mundo da moda. Comandadas por Eliandra, criaram a ONG. Hoje, o projeto atende crianças, jovens e idosos. Trinta fazem cursos de capacitação e 120, atividades culturais, de saúde educativa e atendimento psicossocial. A ONG sobrevive de peças que produz e vende.