terça-feira, 16 de agosto de 2011


Em "A Tecelã", trupe gaúcha une gêneros artísticos para tratar da solidão
Peça da Cia. A Caixa do Elefante será encenada quarta e quinta no Sesc Campinas








EPTV.com - Tiago Gonçalves
Em "A Tecelã", uma mulher encontra o elixir para apaziguar (e preencher) os dias de solidão. Tudo aquilo que consegue tecer no tear manual se transforma em realidade. Até, por exemplo, um príncipe encantado. Ao encenador do espetáculo, um dos fundadores da trupe gaúcha A Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, reflexões sobre o poder da tecelã surpreendem. Uma questão, por sinal: o que teceria, se possuísse tal predicado? Paulo Balardim responde, com firmeza: consciência. "Mais do que nunca o ser humano precisa estar consciente. Acho que a consciência ainda está perdida", avalia o gaúcho. Em cartaz dentro do projeto Palco Giratório do Sesc, a montagem fica em cartaz quarta (17) e quinta (18), às 20h, no Teatro do Sesc Campinas.

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A dramaturgia de "A Tecelã" nasce de fragmentos. O ponto inicial passa pelo mundo fabuloso proposto pela escritora Marina Colasanti. Aliás, que tanto agrada Balardim. O artista assina tanto a direção quanto a dramaturgia e concepção estética do espetáculo. Em especial, o diretor cita o conto "A Moça Tecelã". O passo seguinte foi o de se apropriar do mito da figura da mulher que tece. "Fomos à mitologia grega para buscar inspiração, como a história de Penélope que tece aquela mortalha para espantar o sucessor ao trono de Ulisses", recorda-se. A somatória das referências, explica, torna a montagem atemporal. Mais do que isso, "a temática é universal".
Sem o uso da palavra, a montagem se alinhava em imagens. Balardim as define em duas palavras: "líricas e impressionistas". Contudo, não é tudo a ser tecido pelo silêncio. Cabe a trilha original do compositor gaúcho Nico Nicolaiewsky conduzir, bem como acentuar os climas do espetáculo, com 50 minutos de duração. "A música é envolvente e traz pitadas da cultura judaica, muito presente na obra dele", destaca. A cena é conduzida por um trio de atrizes: Carolina Garcia, Alice Ribeiro e Rita Spier.

Debaixo dos panos das agruras da tecelã protagonista, o espetáculo lida com preocupações humanas. Alfineta o público com algumas. "A solidão é um ponto forte. Isso está bem explícito quando ela passa a dar vida às coisas. Assim ela pode preencher o vazio". Não para por aí: a simbologia da montagem, que lança temas para plateia refletir, aproxima-se da contemporaneidade. Um deles, cita, trata da tão difícil cadência de se viver em comunidade. Isso sem mencionar, "a internet que pode ser compreendida pela tecelã, porque ela é um emaranhado de fios, que se ligam virtualmente".

Mistura
Na peça, o espectador assiste ao encontro entre gêneros artísticos. Apesar de passar pela estética do teatro de bonecos, marca da trupe gaúcha, "A Tecelã" trafega pelo ilusionismo (assessorado pelo mágico Eric Chartiot), dança e vídeo. Neste último, o grupo se utiliza da mídia para retratar a estética do teatro de sombras. "Sem falar da literatura. É um espetáculo híbrido", completa. Quanto ao uso das ferramentas, destaca, surgiu conforme a necessidade. E elas existiram. A partir daí, "seria limitador usar apenas uma linguagem".

Trupe
Fundada em 1991, com intuito de pesquisar a estética do teatro de bonecos, a cia. A Caixa do Elefante traz na trajetória 10 espetáculos. Quatro ainda compõem o repertório atual da trupe gaúcha: "A Tecelã" (2010), "Histórias da Carochinha", "Os Encantadores de História", "A Arca de Noel" (em cartaz, em Gramado, no período de Natal)
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Serviço
O quê: "A Tecelã", da Cia. A Caixa do Elefante Teatro de Bonecos
Quando: Quarta (17) e quinta (18), às 20h
Onde: Teatro do Sesc Campinas (Rua Dom José I, 333, Bonfim, Campinas)
Quanto: R$ 8 (inteira), R$ 4 (meia e usuários matriculados) e R$ 2 (comerciários matriculados)
Informações: (19) 3737-1500