domingo, 14 de agosto de 2011


A bailarina que também era actriz

A bailarina que também era atriz

por João LopesAmanhã
Nos anos dourados do período clássico de Hollywood, Ginger Rogers foi um nome fundamental: primeiro, dançando com Fred Astaire; depois, como actriz de melodramas e comédias românticas.
Passou recentemente um século sobre a data de nascimento de Ginger Rogers (16 de Julho de 1911). Na sua carreira de mais de 70 filmes (trabalhou regularmente até meados dos anos 60, vindo a falecer a 25 de Abril de 1995), nove deles bastaram para lhe conferir um lugar na história e na mitologia de Hollywood: foram os que, entre 1933 e 1939, interpretou ao lado de Fred Astaire (1899-1987), constituindo uma dupla de bailarinos cujo sucesso se confunde com o triunfo do cinema sonoro e a consagração do género musical.
Seja como for, a carreira, a versatilidade e o talento de Rogers não podem ser resumidos apenas pelos filmes com Astaire, já que, a partir de finais da década de 30, ela foi apostando numa crescente diversificação do seu trabalho. Em boa verdade, houve também fortes razões financeiras para que tal acontecesse: o orçamento dos musicais era cada vez mais alto e o pequeno estúdio (RKO) no qual a dupla trabalhou foi desistindo da sua produção.
A grande viragem da carreira de Rogers decorre de uma fundamental consagração: o Óscar de Melhor Actriz, obtido com Kitty, a Rapariga da Gola Branca (1940). O impacto do prémio foi tanto maior quanto, nesse ano, ela tinha como rivais nas nomeações alguns nomes já com muito maior projecção, incluindo Bette Davis (A Carta) e Katharine Hepburn (Casamento Escandaloso).
Depois, Rogers tornou-se uma presença frequente dos melodramas e comédias românticas que, ao longo da década de 40, Holly- wood explorou com tanta felicidade. Trabalhou, então, sob a direcção de alguns mestres do género, incluindo Leo McCarey (Lua sem Mel, 1942), Mitchell Leisen (A Mulher Que Não Sabia Amar, 1944) e Frank Borzage (No Limiar da Glória, 1945).
Na década de 50, encontramo-la ainda como figura de destaque de um clássico da screwball comedy: A Culpa Foi do Macaco/ /Monkey Business (1952), contracenando com Cary Grant e Marilyn Monroe, sob a direcção de Howard Hawks. O certo é que, como muitos actores da sua geração, foi trabalhando cada vez menos em cinema (e cada vez mais em televisão). Curiosamente, a derradeira consagração pública da sua carreira ocorreu na Europa: em 1970, no Festival de Berlim, foi homenageada pela sua invulgar carreira de bailarina e actriz.