Na primeira edição da Bienal do Livro Rio com um espaço voltado para o universo
digital, os corredores e pavilhões do Riocentro mostram a convivência entre os livros tradicionais e os eletrônicos. Mais do que oferecer exemplares para a venda e download, a festa literária põs à disposição do público no espaço Bienal Digital a possibilidade de degustar – muitos, pela primeira vez – equipamentos do mundo editorial voltado para o mercado digital como e-books, tablets das principais marcas, como Motorola, Apple, Samsung e Semp Toshiba, e e-readers. Neste espaço, os visitantes terão a oportunidade de entrar em contato com as novas tecnologias que ditam a transformação do mercado editorial.
Para os que nunca haviam visto esses tipos de dispositivos, a primeira impressão foi excelente. A
operadora de telemarketing Cristina Rocha adorou a novidade da XV Bienal do Livro Rio, uma iniciativa do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livro) em parceira com a Fagga | GL exhibitons: “É como se você tivesse um livro mesmo nas mãos, só que pelo computador. Então podemos tocar, interagir com os personagens, ler quantas vezes quiser e você não fica cansado. É muito legal.”
Quem já usa os e-books não tem a menor ressalva: “Você pode carregar nesse aparelho a sua biblioteca inteira. É muito agradável de ler, a luz não reflete, então você não cansa. É uma
tecnologia para imitar papel, então você não sente a diferença”, disse a professora Maria Rosa Amaral.
Cada vez mais em voga, a união de tecnologia com a leitura é algo que conquistou até mesmo veteranos do mercado. O cartunista e escritor Ziraldo lançou o Menino Maluquinho pela primeira vez em e-books, e gostou da idéia: “É moderníssimo, uma coisa mágica! Já usei todas as formas como teatro, jornais, televisão, cinema e agora o e-book. O importante é que a garotada está gostando”, disse. Para o superintendente da Editora Melhoramentos, Breno Lerner, os e-books são fundamentais para atrair o público mais jovem para o universo das palavras. “Tudo segue um fluxo natural, e a internet e suas
tecnologias estão dominando o cenário atual, e os livros não tinham como fugir disso.”
Além dos estandes dedicados a esses tipos de mídias digitais, a Maré de Livros – espaço lúdico destinado ao publico infanto-juvenil, que permite ao visitante brincar com as palavras como se estivesse no fundo do mar – também tem suas origens na interatividade. O idealizador do local, João Alegria, alega que isso não foi por acaso, e que a tendência é cada vez mais a interatividade entrar no mundo das palavras: “É importante que o leitor enxergue o livro como algo a mais do que apenas tinta e papel. É preciso colocá–lo inserido na população como objeto de mídia. A digitalização dos livros passa por esse processo, e vem muito mais por aí”, disse.
O assunto virou tema de debate na série Encontros Profissionais, promovida pela XV Bienal do Livro Rio, nesta segunda e terça. No colóquio “E-books e a democratização do acesso – Modelos e experiências de bibliotecas”, representantes de Brasil, Alemanha, Espanha e França se reuniram para trocar experiência sobre o mercado digital em seus países. Durante a abertura oficial, que contou com a presença do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, o cônsul geral da França no Rio de Janeiro, Jean-Claude Moyret, o cônsul geral da Alemanha, Michael Worbs, e o diretor do Instituto Cervantes, Antonio Martinez, representando a Espanha, foi reforçada a importância do livro digital como mais uma forma de levar a leitura a todos – entre eles, pelo empréstimo de e-books pela bibliotecas públicas.
“De cada três leitores no país, apenas um compra livros. Temos que levar os livros a quem não tem acesso, seja de forma digital ou física. Acredito que a implantação de livros digitais é urgente em todo o país. Com ele, o leitor terá maior bibliodiversidade, acesso a edições esgotadas e livros fora de catálogo mais facilmente”, ressaltou Amorim.
Segundo Amorim, a importância de ter trazido esse tema para a programação da Bienal é possibilitar uma grande reflexão sobre aquilo que o mundo tem feito, em termos de experiência para empréstimo e venda do livro digital. “Devemos sair da Bienal com uma luz, um caminho para que esse empréstimo passe a ocorrer de uma forma intensa no Brasil. Será a grande contribuição da Bienal para a democratização do acesso à leitura”, disse.
Nesta terça-feira, o Café Literário recebe a partir das 19 horas o “Sarau Poético - Roda de leitura”, com participação dos poetas Claufe Rodrigues, Nicolas Behr, Mariano Marcovatto, Alice Sant’Anna e Laura Erber, celebrando o encanto da palavra falada. Às 19h30, o Mulher e Ponto apresenta, dentro do programa de homenagens ao Brasil, o debate “As mulheres da história do Brasil” com Rosiska Darcy de Oliveira (Rocco), presidente-executiva do Rio como Vamos e dirigente há 30 anos de projetos de fortalecimento da liderança feminina, e Magali Engel (7 Letras), professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro que desenvolve pesquisas sobre a história da sexualidade, das relações de gênero e da psiquiatria no Brasil.
A XV Bienal do Livro Rio, uma iniciativa do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livro) em parceira com a Fagga | GL exhibitons, acontece no Riocento até o dia 11.
Nenhum comentário:
Postar um comentário