quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Os 90 anos da Academia

De personalidade forte, a cuiabana Nilza prepara a festa desde o início do ano. Outras sessões comemorativas já aconteceram

iário de Cuiabá

Noventa anos da Academia Mato-grossense de Letras – essa data tão especial vai ser comemorada hoje com uma sessão magna no casarão da rua Barão de Melgaço, número 3869. Se fosse possível, o que será que dom Francisco Aquino Corrêa, presidente de honra da Academia e seu fundador, pensaria sobre o 90 aniversário da AML, comemorado sob a presidência de uma mulher, Nilza Queiroz Freire?

“Dom Aquino vibrava por sua terra, era um patriota, um religioso. Tenho certeza de que ele está satisfeito porque não deixamos apagar o fogo da literatura”, responde Nilza, que está no seu segundo mandato como presidente.

De personalidade forte e enérgica, a cuiabana Nilza está preparando a festa dos 90 anos desde o início do ano. Outras sessões comemorativas foram realizadas, mas a de hoje, marcada para as 19h30m, é sem dúvida a mais especial de todas. Os convidados receberão uma publicação, um álbum que documenta a história da ABL, desde sua criação em 7 de setembro de 1921, por iniciativa de “uma plêiade de intelectuais sob a liderança de dom Aquino”, conforme explica a atual presidente.

A sessão será aberta e encerrada com hinos – o da Independência, a cargo de um militar do 44 Batalhão , e o de Mato Grosso, com letra de dom Aquino. Em seguida, a presidente fará seu discurso e depois passará a palavra a historiadora Elizabeth Madureira Siqueira, que é membro da AML e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT).

Ao som do violino do músico Edson Vieira de Assunção, os acadêmicos entrarão no salão e o violinista tocará “Carinhoso” de Pixinguinha. O momento seguinte será reservado à declamação de um poema cívico por Maria de Lourdes Oliveira Nigro e haverá também um tempo para a confraternização de acadêmicos e convidados.

LEMA

A AML tem 31 membros, sendo cinco mulheres. A atual presidente deverá deixar o cargo após o final do segundo mandato (segundo a regra do regimento atual) tem se mostrado extremamente dedicada à AML e consciente da importância de ser a primeira mulher a presidir uma instituição historicamente dominada por homens. “Mas eu não me queixo. Todos me respeitam muito”, diz. Ela só se ressente da falta de recursos da AML, que vive apenas da contribuição dos acadêmicos e não dispõe de funcionários.

“Poderíamos ter uma renda da venda de publicações literárias, mas como o povo não gosta de ler não contamos com isso”, afirma a presidente.

Autora do livro “Crônicas da cidade verde”, publicado há cinco anos com recursos próprios e de várias crônicas publicadas em jornais mato-grossenses, Nilza Freire lamenta a falta de gosto pela literatura, que, na sua opinião, deve ser incentivada desde os primeiros anos de escola.

“Comecei a ler no primário e tomei gosto. Sou contadora de profissão, mas meu lazer sempre foi a literatura. Hoje, com o advento da internet, as crianças têm acesso a tanta informação que não conseguem guardar. Quando você lê, descobre a alma do autor; procura no dicionário as palavras que desconhece. É outra relação”, argumenta.

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