domingo, 21 de agosto de 2011

Imagens que saltam e atraem público

Caderno G Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Marcelo Elias/Gazeta do Povo  / Marcelo da Silva (de camiseta branca) costuma assistir a filmes em 3D com a família: ingresso mais caro pouco importa Marcelo da Silva (de camiseta branca) costuma assistir a filmes em 3D com a família: ingresso mais caro pouco importa
Tecnologia
Enquanto nos EUA o cinema 3D perde fôlego, no Brasil o sistema registra aumento de 62,3% de espectadores no primeiro semestre
| Isadora Rupp Se nos Estados Unidos a tecnologia de filmes em 3D parece estar perdendo a força para atrair novos espectadores às salas de cinema, o mercado brasileiro dá sinais de seguir no sentido contrário. Reportagem recente da revista britânica The Economist indica que somente 30% do público norte-americano que assistiu Harry Potter e As Relíquias da Morte 2 escolheu a versão em três dimensões. Ou­­tras superproduções recentes lançadas nos dois formatos tiveram desempenho semelhante. Por aqui, os lançamentos que utilizam a tecnologia registraram alta de 62,3% no número de ingressos e de 58,1% na bilheteria no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010, segundo levantamento do site especializado Filme B. O desafio das grandes re­­des é fidelizar o público infantil, que depende da decisão dos pais e costuma se sentir desconfortável com os óculos.
Depois da febre de Avatar em 2009, responsável por popularizar o sistema no país, Transformers, O Lado Oculto da Lua, por exemplo, teve 58,4% do seu público em 3D, o que significa 67,3% do porcentual de renda, diz o Filme B. Ainda segundo o site, da lista dos 20 filmes mais rentáveis lançados no país com cópias 3D este ano, 13 foram vistos por mais de 50% do público em salas com o recurso. Segundo as redes de cinema, o retorno de bilheteria é rápido e cobre custos em uma semana; nos sistemas convencionais, pode levar o dobro do tempo.
Lançamentos miram consumo de tevê 3D
Um dos maiores sucessos de animação de todos os tempos, Rei Leão, de 1994, será lançado em setembro somente na versão 3D para os cinemas e também em blu-ray, mirando o consumidor dos televisores equipados com a nova tecnologia, vendidos no país desde a metade do ano passado.
Os grandes portais de compra pela internet já fazem a venda da chamada “edição diamante” dos discos. A cópia 3D sai por R$ 99, enquanto o blu-ray convencional custam R$ 59.
Segundo dados fornecidos pela Samsung, em pesquisa encomendada para a empresa de pesquisa de mercado GFK, foram vendidos 50 mil televisores com o sistema no país em 2010. Para este ano, a expectativa é de 400 mil. Um mercado pequeno, comparado ao número total de aparelhos vendidos em 2009. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), naquele ano, mais de 56 milhões de monitores de tevê foram vendidos no Brasil.
Impulso
Segundo o gerente-sênior de tevês da Samsung, Rafael Cintra, lançamentos e transmissões em 3D ajudam a impulsionar as vendas, mas as empresas buscam alternativas para atrair o consumidor. A Samsung tem parceria com a Dreamworks Animation, com vendas de discos de blu-ray 3D junto com o aparelho. A empresa também lançará um canal de vídeo com cerca de 40 filmes que poderão ser vistos gratuitamente. (IR)
Outro sinal da ampliação do circuito 3D (hoje, já são mais de 400 salas no país) é o aumento de 10,5% do preço médio do ingresso, que chegou a R$ 10. Mas o valor salgado – com bilhetes em média R$ 7 mais caros – não afasta o público. “Ao contrários dos EUA, com crise financeira, no Brasil o poder aquisitivo aumentou e o 3D ainda é novidade”, acredita o diretor-geral da Rede Cineplus, Milton Durski, que vai instalar uma sala em breve na região metropolitana de Curitiba. O real valorizado, aliás, tem ajudado os empresários: em 2008, um sistema (excluindo projetor e infraestrutura da sala) custava R$ 600 mil, hoje, é possível adquirir a tecnologia por pouco mais de R$ 300 mil.
O tecnólogo programador Marcelo da Silva, fã de filmes 3D costuma levar a esposa Paula Francis Benevides, a enteada Gabriela, de 10 anos, e o sogro Antônio Benevides para as sessões. Ele acha caro, mas não deixa de ir. “[Em três dimensões] fica mais divertido de assistir”.
Crianças
Os cinemas da rede Cinesystem, em que 30% das salas 3D respondem por 70% do faturamento, investem na fidelização do público infantil. A rede vai comprar cerca de 3 mil óculos próprios para crianças a R$ 50 cada. “Noto que alguns pais escolhem o 2D porque o filho fica incomodado. Queremos que esse deixe de ser um problema”, diz o diretor Eduardo Vaz.
No Cinemark, a grande oferta de filmes em 3D fez com que a rede investisse em salas mais confortáveis, com serviço de bar personalizado (por enquanto, somente em São Paulo). “É natural que o consumidor faça uma escolha mais criteriosa, e isso deve estabilizar o mercado. Por isso, queremos proporcionar uma experiência diferente.”
Independentes
Até mesmo cinemas com um viés mais alternativo como o Unibanco Arteplex e o Cineplex Batel devem se render ao 3D. O primeiro passará por uma reforma e ganhará uma sala com o sistema neste ano. “Temos uma conjunção do cinema comercial e independente. Queremos trazer mais uma opção”, frisa o diretor de programação do Unibanco Arteplex, Adhemar Oliveira. O diretor do Cineplex Batel, Luiz Celso Branco, conta que estão analisando a possibilidade. “O 3D tem uma participação importante, mas não deixaremos de trazer filmes mais profundos.”

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