domingo, 21 de agosto de 2011

Os dez dias mais longos da minha vida
Uma mulher, cheia de vocação para ser mãe, compartilha sua história de superação e força enquanto via seu bebê recém-nascido enfrentar uma UTI
Elaine Colle Bitencourt Dacoregio
Tempo de Mulher

Larissa Ronchi


Tenho uma linda menina de 10 anos chamada Laís e que me enche de orgulho. Mas gostaria de compartilhar minha segunda experiência como mãe. A segunda gravidez não foi algo muito planejado, simplesmente deixamos acontecer, e aconteceu. Eu ainda estava terminando minha faculdade de Direito, mas nada que uma licença básica não resolvesse.

Depois de alguns meses descobrimos que quem completaria nossas vidas seria um menino. Hoje ele está com 1 aninho e se chama Luis Henrique. Porém foi uma longa caminhada até ele estar em meus braços. Não a caminhada normal de esperar 9 meses, porque ele nasceu de 8 meses (apressadinho!). A longa caminhada foi ver meu bebê ter de enfrentar uma UTI por 10 dias. Dez dias que pareceram 10 meses!

Ele nasceu dia 23 de abril de 2010, de cesariana. Apesar de eu ter entrado em trabalho de parto, ele não estava em uma boa posição para nascer de parto normal. Nasceu com muita dificuldade para respirar, portanto, logo que ele saiu da minha barriga foi levado para a pediatria do Hospital e eu nem o vi.

Após algumas horas, eu ainda estava na sala de recuperação quando a pediatra que acompanhou o nascimento dele veio até meu marido e disse que estaria transferindo ele para a UTI em Tubarão, uma cidade próxima a Criciúma, onde moro. Desabei: chorei, abracei meu marido, queria sair daquela cama e abraçar meu pequeno que eu nem tinha visto ainda.

Nesse momento, implorei para a médica: "Deixa eu olhar para ele antes dele partir para Tubarão na ambulância?". A espera foi angustiante. Eu preocupada com a demora da ambulância e a pediatra mais ainda, até que finalmente o telefone tocou. Era da recepção do Hospital avisando que eles estavam subindo. Pegaram meu pequeno, colocaram em outra incubadora, passaram pela minha frente para que eu pudesse vê-lo de longe. Quase sem forças para me mexer, falei para o médico que iria acompanhá-lo: "Cuida bem dele moço, cuida dele por mim!". E ele se foi, juntamente com meu marido. Mal pude vê-lo, não pude tocá-lo, beijá-lo, cheirá-lo, dar um colinho, dar de mamar. Ai que aflição... Chorava muito.

Só fui vê-lo dois dias depois. Tive alta do hospital e "me joguei" para Tubarão com meu marido e minha filha. Coração a mil por hora, finalmente pude pegá-lo no colo, sentir seu cheirinho, aconchegá-lo em meu peito e constatar o que eu já sabia: ele era lindo! Que emoção, meu Deus! Ele estava ali, na minha frente, perfeito. Mas tive que deixá-lo lá, naquela UTI com mais um monte de bebês e ir para casa.

Acho que nem preciso dizer que chorei o caminho de volta inteiro. Como foi difícil voltar para casa sem um pedaço de mim. Na UTI neonatal, conheci outras mães que estavam na mesma situação, outras até em situações piores, cada uma com sua história. Aquele monte de aparelhos ligados, bipando toda hora, assusta e assusta muito. Orávamos todos os dias por aqueles bebês.

Nos dias subsequentes eu não sentia mais frio, calor, vontade de me alimentar, nada, nada. Só pensava nele, queria estar com ele. Cada visita era uma alegria por vê-lo cada dia melhor. Por outro lado a tristeza era sempre muito grande na hora de ir embora. Mas fui forte e aguentei. Tentava não chorar quando estava com ele, conversávamos muito, eu e meu marido sempre dizendo palavras positivas, que logo ele estaria em casa, que a família toda estava esperando por ele, essas coisas, e ele sentia tudo aquilo, ficava agitado quando a gente chegava.

Foram dez dias, dez longos dias, e ele venceu as dificuldades respiratórias e baixa imunidade, saiu da UTI, ficou em observação mais um dia e teve alta. Finalmente veio para casa, tudo pronto esperando por ele, alegria, emoção, uma mistura de sentimentos. Foi uma experiência muito marcante para toda a família porque cada um, da sua maneira, se apegou em algo para buscar forças.

Hoje ele está com 1 aninho e enche nossas vidas de alegria. Nem acredito que ele passou por tudo aquilo... Daqueles dias, só nos restam as lembranças e a certeza de que Deus existe, ouve nossas orações e atende nossos pedidos. Foi uma experiência que me fez perceber ainda mais o quanto amo minha família de paixão e faço tudo por eles.

Elaine Colle Bitencourt Dacoregio, tem 33 anos, mora em Criciúma, SC, é bacharel em Direito e tem orgulho de dizer que ser mãe é sua maior realização e projeto de vida.

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